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A chegada do Café ao Brasil

Em 1727, as primeiras sementes de café entraram no Brasil pelas mãos do Sargento-mór Francisco de Mello Palheta que fora incumbido pelo Governador do Maranhão e Grão Pará de tratar de questões de delimitação de fronteira com a Guiana Francesa. Extra oficialmente, caberia ao sargento trazer algumas sementes ou mudas da valiosíssima planta e assim ele o fez.

As primeiras plantações se deram no Pará, passando em seguida para o Maranhão, irradiando-se até atingir a Bahia na metade do séc. XVIII. Depois, chegou ao Rio de Janeiro, expandindo-se pela Serra do Mar e atingindo, no final do século, o Vale do Paraíba. No início do séc. XIX, já tendo alcançado Minas Gerais e São Paulo, espalhava-se por este estado até início do séc. XX quando também chegou ao Paraná.

Em meados do século XIX já era o principal produto brasileiro, sendo o Brasil o maior produtor mundial. A forte expansão da cultura cafeeira, concomitante às crises do açúcar e do algodão, iniciou um novo ciclo na economia brasileira. As principais mudanças são percebidas com o deslocamento do eixo econômico do Nordeste, então produtor de açúcar e algodão, para o Sudeste, resultando num novo perfil de distribuição de renda e da população.

O Oeste Paulista tornou-se a principal região brasileira produtora, caracterizada pelas grandes propriedades e pelo poderio econômico, muitas vezes culminando em poder político, reforçado pela Proclamação da República que rendia maior autonomia aos governos provinciais. Porém, as crises de superprodução no início do século e a quebra da Bolsa de Nova York em 1929 levaram muitos produtores de café à ruína. As grandes propriedades foram divididas permitindo, em muitos casos, o acesso à terra a ex-colonos, alguns dos quais tornaram-se grandes proprietários.

Em decorrência da crise de 30 houve mudanças na política cafeeira que passava a domínio federal com a criação do Conselho Nacional do Café incumbido de ajustar a capacidade produtiva à demanda. No final dos anos 40 a situação normalizava-se e em 1952 foi criado o Instituto Brasileiro do Café (IBC) com a função de exercer efetivamente a política econômica do produto.

No início da década de 60 a política cafeeira se viu novamente diante de uma superprodução, com os estoques do governo contendo quase o dobro da demanda mundial. Visando amenizar o problema, estabeleceu-se a política de erradicação de cafezais antigos de baixa produtividade que atingiu resultados acima do seu objetivo no final da década. Mas tal política, assim como as demais executadas nas décadas anteriores, causaram um efeito colateral com consequências sentidas até os dias atuais: a progressiva perda de mercado internacional para cafés Colombianos e Africanos.

Com o fim da maior parte dos velhos cafezais, iniciou-se na década de 70 o Programa de Renovação e Revigoramento dos Cafezais, incorporando novas tecnologias ao campo. Porém, em 1975 uma forte geada dizimou quase a totalidade dos cafezais paranaenses e a maioria dos cafezais paulistas, confirmando as limitações climáticas na definição das áreas propícias ao cultivo do café. Neste contexto, Minas Gerais começou a ganhar seu espaço como berço da nova cultura cafeeira, tornando-se na década de 80 o maior estado produtor de café, posição que sustenta até hoje.

A década de 90 talvez seja a mais significativa no que diz respeito a mudança de mentalidade do setor cafeeiro. Com a extinção do IBC e a livre comercialização do produto, o setor se deparou com uma nova realidade: buscar melhoria de qualidade na tentativa de mudança da imagem do café brasileiro no exterior, e no próprio país, para conquistar novos e antigos mercados.

Hoje Minas Gerais concentra 50% da produção nacional sendo uma das principais fontes de cafés especiais do país, com área de cultivo nas regiões Sul de Minas, Cerrado de Minas, Chapada de Minas e Matas de Minas. O Espírito Santo é o segundo maior estado produtor de café do país e o principal produtor de Conilon (Robusta). Com plantações de café Conilon nas áreas mais quentes ao norte, região chamada de Conilon Capixaba, e de Arábica ao sul, região conhecida como Montanhas do Espírito Santo. São Paulo continua sendo um tradicional produtor, com área de cultivo concentradas das regiões Mogiana e Centro-Oeste. O Paraná vem investindo em plantações adensadas com ênfase no processo cereja descascado (visando melhor qualidade de grãos). Bahia e Rondônia também começam a aparecer neste cenário com produções ainda pequenas, mas que podem gerar grãos com características sensoriais interessantes.

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